26 junho 2008

São Francisco e a poético-ecologia


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Este Canto das criaturas foi escrito no século XIII por São Francisco de Assis. É um canto original e originário. Nele se dá uma profunda integração do ser humano com todo o universo da Vida. De uma maneira criativa e genial, Francisco já nos convida a sermos profundamente ECOLÓGICOS. Não é uma simples ecologia, como em geral se pensa hoje, da natureza, mas uma integração profunda do ser humano no mistério do universo e da vida. Por outro lado, o que aqui Francisco diz e convida a todos nós a fazer não o escreveu simplesmente. Ele viveu profundamente esta integração de tal maneira que foi o que disse e escreveu em vida: uma das realizações mais profundas do humano do homem, pois nele e por ele se dá a proximidade do sagrado com o homem e todo o universo da vida. Mas neste canto aproxima o sagrado do homem ao mesmo tempo que aproxima o homem do sagrado. Só nessa integração teremos uma verdadeira ECOLOGIA, porque só salvamos e conservamos a TERRA se salvamos e conservamos o HOMEM. Mas isto se faz não num fracassado antropologismo, mas resgatando a essência originária e poética do humano do homem. Não se trata, no canto, de uma simples questão de fé, mas de uma abertura do homem para o sagrado e para o mistério da criação poética.
Canto das criaturas
 
São Francisco de Assis (1181-1226)

Altíssimo, onipotente, Bom Senhor!
Teus são o louvor, a glória, a honra
e toda bênção
Louvado sejas, meu Senhor,
Com todas as criaturas,
Especialmente o senhor irmão Sol,
Que clareia o dia
E que com sua luz nos ilumina.
Ele é belo e radiante,
Com grande esplendor, de ti, altíssimo
É a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor,
pela irmã Lua
E pelas estrelas, que no céu formastes
Claras, preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor,
pelo irmão vento,
Pelo ar e pelas nuvens,
Pelo sereno e todo tempo
Com que dás sustento às tuas criaturas
Louvado sejas, meu Senhor,
pela irmã água
Útil e humilde, preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor,
pelo irmão fogo,
Pelo qual iluminas a noite.
Ele é belo e alegre, vigoroso e forte.
Louvado sejas, meu Senhor,
por nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa,
Pelos frutos diversos, flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor,
pelos que perdoam
Pelo teu amor e suportam as enfermidades
E as tribulações.
Louvado sejas, meu Senhor,
por nossa irmã a morte corporal,
De quem homem algum pode escapar.
Louvai todos e bendizei ao meu Senhor,
Dai-lhe graças e servi-o
Com grande humildade.

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