30 junho 2008

Elaboração de um Projeto - Orientação geral.


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Em outra parte já dissemos que os projetos que dizem respeito à POÉTICA, num paradigma poético-ontológico e aberto, como diálogo com as ARTES, são de natureza diferente daqueles desenvolvidos epistemologicamente pelas ciências. Também já desenvolvemos num pequeno ensaio as diferenças entre Questão e tema. Essas noções gerais são necessárias, para na hora de propor o projeto ter o mais claro possível o que e como pretende pesquisar.
Mas todo projeto deve necessariamente se organizar em etapas. É destas que agora fazemos uma apresentação. Os termos que dão título às etapas podem variar. Estas têm que ser bem compreendidas para que o projeto tenha consistência e traga, de fato, uma contribuição em relação àquilo que se propõe. Este propor, porém, é ambíguo. Se o que se propõe já fosse claro, não havia mais necessidade da pesquisa para o projeto se realizar. Seria só escrevê-lo. A proposta do projeto pressupõe sempre algo de atemático no tema escolhido e que só a pesquisa irá dizer até onde se tornou temático ou não. Realizar esta passagem do atemático ao temático é que é o grande desafio da pesquisa. Para isso é de vital importância a organização bem clara do projeto. E essa clareza já deve estar presente no projeto como um todo.
Para quem faz projetos de pesquisa, a dificuldade maior é o que pesquisar e lhe dar forma e organização num projeto, sobretudo se for um pesquisador iniciante. Para isso, sugerimos a leitura de nosso pequeno ensaio: Questão e tema. As distinções ali feitas podem ser o ponto de partida para o surgimento de uma idéia de pesquisa. Sempre há muito para pesquisar. Mas para o pesquisador é essencial que a motivação não seja simplesmente formal e acadêmica. Deve resultar: a – da formação e interesse; b- de um apelo interno, no modo de ser e querer realizar-se como pesquisador; c – de um equilíbrio entre o interesse, o apelo interno e as qualidades e possibilidades de que é capaz. Nem todos recebem as mesmas qualidades e possibilidades. Por outro lado, só exercitando a pesquisa é que se vai saber concretamente do alcance da potencialidade de cada um. Essa potencialidade não é só relacionada à pesquisa, mas radicalmente ao aprender e saber viver, experienciar a vida, sobretudo na área de Poética.
ORGANIZAÇÃO DO PROJETO
1ª. Parte: Titulo do projeto, autor e dados de identificação
2ª. Parte: Etapas de um projeto
1 – Apresentação do tema / Introdução (opção)
Parte-se de uma constatação e de algo que ainda não foi estudado, e que será então o tema do projeto, mostrando o que pode vir a ser uma contribuição. Para ter uma idéia mais concreta, consulte nosso projeto em anexo.
2 - Proposta de desenvolvimento / Definição do projeto (opção) / Hipótese (opção)
Neste tópico vai ser feita um detalhamento maior do modo como se pretende realizar a pesquisa do tema e dos diferentes aspecto a serem considerados. Cada projeto terá aspectos e redação próprios, tendo em vista o seu tema. Caso queira consultar um exemplo, veja nosso projeto em anexo.
3 – Linha de pesquisa a que está vinculado o projeto.
A realidade é segmentada em Disciplinas ou Áreas de conhecimento, que se desdobram em Linhas de pesquisa e, dentro delas, é que se constituem os projetos. Isto quando se trata de Cursos de Pós-Graduação. O projeto, então, vincula-se a uma Linha de pesquisa, de que será uma efetivação e realização concreta de conhecimentos novos em relação à realidade. Por isso, o projeto deverá estar vinculado a uma Linha de pesquisa. Confira em anexo nosso texto sobre Linha de pesquisa e projetos.
4 - Objetivos
Os objetivos decorrem naturalmente do tema do projeto e dos aspectos propostos para desenvolvimento. É claro que no decorrer da pesquisa os objetivos podem ser modificados, pois uma pesquisa é sempre algo muito dinâmico e exige criatividade. Muitas vezes se propõem objetivos específicos e objetivos gerais, dependendo da área de conhecimento, sua relação com outras áreas e, sobretudo, sua relação com a realidade. Veja o exemplo de objetivos em nosso projeto em anexo..
5 - Metodologia
No fundo, a parte mais importante, para o êxito de um projeto, está numa consciência bem clara de que método ou métodos irá utilizar. O método pressupõe um paradigma, um caminho e procedimentos. Por isso, a operacionalidade da pesquisa vai estar diretamente ligada ao âmbito do paradigma e ao domínio do seu vocabulário, e a um operacionalizar os procedimentos, que são os passos dentro do desenvolvimento da pesquisa para consecução dos objetivos. Tais passos pressupõem o domínio ou aquisição do vocabulário específico, raciocínio, perspicácia, intuição, síntese, criatividade, atenção, disciplina. É muitas vezes trabalhar no óbvio para surpreender o que só aparentemente é óbvio. É compreender linhas de construção, relações subentendidas, predomínio de questões, novos encaminhamentos e sentidos novos, relações paradigmáticas e sintagmáticas fora dos lugares comuns, paradoxos, criatividade em relação ao habitual e já sabido. Consulte o que dizemos sobre metodologia em nosso projeto, em anexo.
6 - Cronograma (Quando houver prazo delimitado para a pesquisa. Aqui se enumeram as etapas da pesquisa por meses, semestre ou anos).
7 - Bibliografia
A bibliografia escolhida decorre exatamente do tema escolhido, onde se elencam as principais obra que já trataram de tal tema e que de uma maneira ou outra já o desenvolveram. Também se elencam obras que tratem da fundamentação teórico-paradigmática, suporte do vocabulário específico de abordagem do tema. Também podem entrar aqui obras relacionadas à fundamentação metodológica e obras e conhecimento geral. Nestas podem estar incluídos dicionários etc. Para os projetos de Poética (e por que não outros?) é fundamental ter em mente que não bastam os dicionários semânticos ou enciclopédias. O universo poético é muito mais rico. Por isso, será necessário servir-se de seis diferentes tipos de dicionários. A indicação de tais dicionários está disponível em www.travessiapoetica.blogspot.com: A leitura e os diferentes dicionários.
Para a elaboração mais rica dos projetos, é necessário aprofundar a questão dos diferentes paradigmas e do método, que são extremamente complexas. O importante é, no redigir o projeto, conhecer o mais possível as diferentes opções e possibilidades, para que torne o projeto claro e bem definido na sua arquitetura não só organizacional, mas também teórico-paradigmática.
EXEMPLO. PROJETO ELABORADO PELO PROFESSOR MANUEL ANTÔNIO DE CASTRO, TITULAR DE POÉTICA.
1ª. PARTE: IDENTIFICAÇÃO
PROGRAMA DE CIÊNCIA DA LITERATURA
ÁREA DE POÉTICA
PROF. DR. MANUEL ANTÔNIO DE CASTRO - TITULAR DE POÉTICA
PROJETO DE PESQUISA – NOVEMBRO DE 2003
TÍTULO
A POIESIS E A CONSTRUÇÃO DA REALIDADE E DO HOMEM NA PÓS-MODERNIDADE
2ª. PARTE: PROJETO
1 – APRESENTAÇÃO
Já são numerosos os estudos sobre a pós-modernidade. Poderíamos dividi-los, em geral, ou como apocalípticos ou como integrados. Isto na historiografia ocidental já é comum. A cada novo movimento e época há sempre uma proposta inovadora e uma reação conservadora. E aí todo empenho dos que defendem o novo momento se dá em mostrar as novas características e como se diferenciam das anteriores. Tais características são apontadas nos mais diferentes campos do saber, aí incluídos os das artes, ou ainda mais especificamente o da poesia.
Nessas caracterizações nem sempre se tornam claras duas posições bem distintas, havendo muitas vezes uma implícita ou explícita confusão. Quando se fala em pós-modernidade muitas vezes se pensa pós-moderno como pós-modernismo, oposto a modernismo. Aí o alcance e pano de fundo da oposição seria, na realidade, em geral, o século XX. Mas outras vezes se pensa a pós-modernidade em oposição à modernidade. E aí o período historiográfico em vista já abrange aproximadamente cinco séculos, ou seja, desde o renascimento. A modernidade, dependendo da área de conhecimento, tem seu início teoricamente em momentos bem diferentes. Basta, por exemplo, pensar na filosofia e na literatura. Em filosofia pensa-se imediatamente em Descartes, já em literatura, em Edgard Allan Poe ou em Baudelaire.
Muitos atacam e não aceitam a pós-modernidade porque acham que nada mais é que um desdobramento do projeto iluminista da modernidade, uma espécie de correção de rumo dos ideais iluministas. Outros, pelo contrário, se dão conta de que vivemos o esgotamento desse projeto e ideal, e de que um novo está se fazendo, tendo como pano de fundo alguns fatos relevantes nas mais diferentes áreas do conhecimento ou atividades artísticas: o esgotamento das vanguardas, a generalização da técnica, a globalização econômica, o pós-colonialismo, a sociedade do conhecimento, a sociedade de consumo, a inteligência artificial, o estudo do código genético, a ciência e a ética, os novos recursos da informática e da Internet, a realidade virtual etc. etc. São muitos dados absolutamente novos, embora presos a uma tradição cultural ocidental.
A insistência na modernidade não leva em conta um dado muito simples e absolutamente evidente: a dinâmica da história. E o fato de que não há nem haverá nunca um modelo padrão absoluto da realidade e do homem e muito menos um conceito universal e único de história. Essa é sempre a pretensão de todos os sistemas. Seja o iluminista, seja o cristão-medieval, seja o humanismo romano, seja a paidéia grega. Nesse sentido, o projeto iluminista mostra, nos mais diferentes aspectos, ou o seu esgotamento, ou processos de transformação inegáveis. Esta constatação não nos leva automaticamente para a posição dos integrados. Pelo contrário, queremos manter uma posição crítica e questionante. Crítica, fazendo eco a um dos ideais mais caros à modernidade iluminista, mas agora numa atitude de crítica da crítica. Para isso optamos por uma posição questionante, porque nos abre vias de investigação que estão para além do modelo historiográfico dominante, em que se concebe a história como a sucessão alternada de períodos com características opostas e algumas vezes complementares. Além disso, questionamos também o mito do homem pelo qual este toma o lugar de Deus criador e se torna o centro de tudo. Para chegar à questão da pós-modernidade, colocamos como tema central de nossa pesquisa algumas questões prévias: O que é a realidade? O que é o homem? Como se dá tanto a construção do homem como da realidade? O que é a poiesis? Que lugar tem a poiesis na construção da realidade e do homem? Em que sentido e significado se usa a palavra con-strução?
2 – PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Não será, portanto, uma pesquisa descritiva ou de levantamento do quadro de características para dar uma idéia da pós-modernidade no campo das artes. Aí já aceitaríamos a segmentação e loteamento disciplinar do real. Nossa pesquisa parte de pressupostos inter e transdisciplinares. Com isto já nos afastamos da bibliografia dominante. Não nos interessa a atitude crítica nem historiográfica, embora ambas se façam necessariamente presentes, mas para serem questionadas. Isso já ficou evidente nas questões que orientam a proposta desta pesquisa.
De onde partimos então? A crítica se forma do verbo grego krinein, que significa: separar, distinguir pelo diferenciar o essencial do acidental. Mas também se formaram outros conceitos: crise, crime, critério. É, pois, um fundamento emblemático e “crítico”. Crítica estará presente, mas não será o fundamento, porque como atividade centrada no homem não dá conta das questões em que se move tanto a realidade como o homem. Senão ainda continuaríamos radicalmente na modernidade, que tem como fundamento o homem e a razão. De onde partimos então? Partimos do princípio. Mas para nós o princípio não é algo de substancial ou transcendente ou imanente. Há uma diversidade de princípios na dinâmica de uma identidade. Por isso podemos falar, paradoxalmente, em fundamento como princípios. Quando se questiona a metafísica isso não será tão estranho. O pensador originário Parmênides, no seu famoso poema Peri physeos, diz claramente que três são as vias da verdade: o ser (on), o não-ser (me-on) e a aparência (doxa). Temos três princípios em Parmênides? Temos, mas isso não quer dizer que não haja uma identidade. Isso vai ser evidenciado no fragmento III, quando diz: “... pois o mesmo é pensar e ser” (Parmênides, 1991: 45). Dentro do percurso cultural do ocidente e suas experienciações da realidade e do homem, que vão do mito à essência da técnica, entre outras, propomos cinco questões fundamentais como pano de fundo da pesquisa: Physis (natureza), Tempo, Linguagem, Memória, História. Ou seja: acreditamos que a pós-modernidade se desenha e se impõe na medida em que se dá a vigência de uma nova interpretação da natureza, do tempo, da linguagem, da memória e da história. Em que elas consistem? Disso trata a pesquisa.
Questão não é problema. Na questão sempre se faz presente o que é digno de ser pensado e nela e por ela estamos decidindo o que somos. Não é, pois, um conhecimento que faça parte de uma determinada disciplina ou campo de saber. Em toda questão se questiona sempre tanto a disciplina como o conhecimento. Tais questões como questões também não são próprias de uma ou outra época, como questões são sempre originárias (memória): são o vigor de todas as origens e como tais sempre se dão como início e fim. Uma questão não pode ser ex-plicada nem causal nem conceitualmente, porque tanto causa como conceito já pressupõem a questão. Por isso mesmo não sabemos nem podemos nem é necessário definir o que são tais questões, pois queiramos ou não já nos movemos nelas e a partir delas. É nesse sentido que Santo Agostinho disse em Confissões, livro XI a propósito do tempo: “Se ninguém me perguntar, sei. Se quiser explicar a quem me pergunta, não sei”. O mesmo se pode dizer das demais questões, pois, embora diferentes, têm a mesma identidade. A ilusão da metafísica e da tradição ocidental é que podemos determiná-las, de-fini-las, conceituá-las, como se elas já desde sempre não estivessem para além e aquém do homem e da realidade. Mas não se trata de uma impossibilidade negativa, mas da possibilidade de todas as possibilidades. Por isso é que surgem sempre novas períodos históricos, novas realidades e novos homens. E é no horizonte dessa impossibilidade possível que se orienta a presente pesquisa. Mas ela apresenta como diferença o pensamento em torno da presença e agir da poiesis como vigor das cinco questões.
Ao falarmos das cinco questões como princípio de construção da realidade e do homem, o que logo causa estranheza é onde fica o homem? Onde fica a realidade? Mas que é o homem e o que é a realidade senão, sempre e de um modo inaugural, a con-strução presentificante e unificante da physis, do tempo, da linguagem, da memória e da história?
Construir o homem e a realidade é desvelar e velar o que é physis, tempo, linguagem, memória e história. Mas no que se manifestam como esta realidade e este homem nesta natureza, neste tempo, nesta linguagem, nesta memória, nesta história, se ocultam como physis, tempo, linguagem, memória e história. Isso sempre se fez de um modo muito claro e vivo no mito enquanto fonte e origem de todos e dos sempre diferentes ritos. No caso da poiesis, da Linguagem, os ritos são as línguas e seus mais diferentes textos e obras, sejam orais, sejam escritas.
Pesquisar a construção da realidade e do homem na pós-modernidade se traduz na tarefa de questionar como a physis, o tempo, a linguagem, a memória e a história se dão na pós-modernidade, ou seja, a investigação que possibilitará descrever, conscrever e inscrever a pós-modernidade, ou seja, apreender a construção do homem e da realidade como pós-modernidade. Con-stru-ir aí significa o desvelar e-stru-turante que se vela.
As características da pós-modernidade serão lidas e estudadas no horizonte dessas questões. Nessa perspectiva, aproveitaremos num sentido novo e questionante o que já se vem determinando e caracterizando como pós-modernidade, ou seja, num horizonte de pressupostos completamente diferentes.
Nosso tempo e sua delimitação historiográfica se dá dentro de uma constatação evidente e irrefutável: a onipresença tanto da ciência como da técnica. Esse é um fato facilmente constatável. Pesquisar a construção da realidade e do homem significa então mergulhar profundamente no modo de presença da essência da técnica. A técnica não vai ser entendida como o conjunto dos instrumentos técnicos, mas enquanto o modo como a physis, o tempo, a linguagem, a memória, a história se desencobrem essencialmente. É nesse modo específico que se constrói a verdade da pós-modernidade. Nesse sentido será feita uma pesquisa do modo de ser da essência da técnica enquanto verdade. Para tanto será tematizada e investigada a trajetória da tensão entre techné, aletheia e poiesis, e suas relações profundas com os “entes”, as “coisas”, os “ob-jetos”, os “dis-poníveis/não-ob-jetos”, as “obras”, os “corpos”.
Numa época em que a physis se tornou mera reserva de “recursos naturais” e os homens meros “recursos humanos”, em que se concebe a linguagem/língua como mero “instrumento comunicativo”, se coloca com mais pertinência a questão fundamental se ainda há lugar, numa tal “Matrix” (filme), para a poiesis, para a arte. A questão inerente ao filme Matrix se torna bem clara quando pensamos a realidade e o homem como sistema. Cada vez mais o homem se vê preso ao emaranhado da rede da pós-modernidade. Ao ideal do homem iluminista, senhor do seu destino, sucede hoje o homem cada vez mais enredado em sistemas: social, econômico, político, cultural, religioso, lingüístico, genético, filosófico, ideológico. E até e sobretudo num cânone artístico, formal, estético e ideológico.
Por isso não podemos pensar a arte, a poiesis, nas suas concepções tradicionais, esgotadas e insuficientes para enfrentar o abismo que nos ameaça na vigência da essência da técnica. É quando a experienciação técnica da realidade e do homem se torna um perigo que mais se torna urgente a “salvação” da realidade e do homem como experienciação poética. Esta nos instala na essência da verdade, que é a verdade da essência. O grande perigo que ronda a pós-modernidade, enquanto regida pela essência da técnica, é o grande perigo de que esta venha a vigorar na apropriação da verdade e se torne a única via da verdade. Assim sendo, o lugar da poiesis na construção da realidade e do homem passa por uma ultrapassagem das concepções da arte baseadas nas formas e na fruição estética para uma apreensão do seu vigor essencial como manifestação do que a realidade e o homem são em seu sentido e verdade. Uma tal pesquisa empreenderá uma reflexão fundamental sobre o lugar da poiesis na construção da realidade e do homem através de uma Paidéia poética. Não significa isto a proposta de um novo sistema salvador e messiânico de um ideal de homem e de realidade, mas simplesmente um re-vigoramente da pro-cura como Escuta do apelo de reunião (Logos) de homem e realidade enquanto sentido e verdade (aletheia).
3 – OBJETIVOS
3.1 – Estudar a essência da técnica como fundamento da pós-modernidade, apontando os seus perigos, limites e possibilidades.
3.2 – Mostrar como a construção da realidade e do homem na pós-modernidade se baseia em uma nova experienciação da natureza, do tempo, da linguagem, da memória e da história.
3.3 – Propor uma reflexão originária da arte (poiesis) e da sua presença e possibilidades na pós-modernidade, através da incorporação e união de todas as linguagens como novas possibilidades de desvelamento.
3.4 – À idéia de recursos naturais e humanos contrapor uma nova poética libertadora como Paidéia poética, onde realidade e homem formam uma unidade harmônica.
4 – METODOLOGIA
A metodologia pressupõe os procedimentos e sua fundamentação. Os procedimentos dizem da atitude diante do conhecimento, da realidade e do homem. Tais procedimentos partem do questionamento dos conceitos em torno dos quais se constrói a realidade e o homem, ultrapassando a cronologia historiográfica e o formalismo conceitual como enumeração de características e oposições epocais. Operacionalmente não será nem uma metodologia dedutiva nem indutiva, porque a complexidade e ambigüidade da poiesis mostra que para além do cronológico já se dá desde sempre o acontecer originário como vigor do que historicamente vige como memória, de onde se faz possível a manifestação tanto da realidade como do homem. Trata-se, pois, de um círculo hermenêutico-ontológico.
5 – DURAÇÃO
Novembro de 2003 a novembro de 2007
6 – BIBLIOGRAFIA
À enumeração inicial serão no decorrer da pesquisa acrescentadas novas obras de acordo com as necessidades tanto em abrangência como em fundamentação.
LEÃO, Emmanuel Carneiro. A sociedade em rede. Conferência. Mimeo.
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LÉVY, Pierre. Cibercultura. Conferência. Internet.
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HEIDEGGER, Martin. A questão da técnica. Ciência e pensamento do sentido. A coisa.
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KAFKA, Franz. Narrativas do espólio. S. Paulo, Companhia das Letras, 2002.
CASTRO, Manuel Antônio de. O canto das sereias: da escuta á travessia poética. Mimeo, 2003.
ZARADER, Mariène. Heidegger e as palavras da origem. Lisboa, Instituto Piaget, 1998.
IRWIN, William (org.). Matrix – bem-vindo ao deserto do real. S. Paulo, Madras, 2003.
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SÁBATO, Ernesto. O escritor e seus fantasmas. S. Paulo, Companhia das Letras, 2003.
BRICOUT, Bernadette (org.). O olhar de Orfeu- os mitos literários do Ocidente. S. Paulo,
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BIBLIOGRAFIA
NOTA
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