Manuel
Antônio de Castro*
A contracultura já tem história, aliás como
qualquer cultura. E a história, quanto mais avança o tempo, que a tudo põe e depõe,
depurando, mais mostra o que não passa de aparecente, de passageiro. No que diz
respeito às obras de arte são poucas, muito poucas, as que permanecem com algum
interesse a não ser o documental em relação à época em que foram escritas. E as
que perduram são as que se fundam nas questões e deixam-nas vigorar, isto é,
deixam o ético-poético do humano se tornar algo vivo, atuante, permanente.
Na linha do tempo, a contracultura se mostra rica, multifacetada
e até contraditória. A nós interessa o poético da contracultura, esse poético
que é o agir do tempo sendo. Na realidade tal denominação é um nome
contemporâneo para atitudes e projetos e utopias já muito antigos, tão antigos
quanto é o próprio ser humano, embora denominados de outro modo. Se lembrarmos
apenas o movimento de simplicidade e pobreza completa, iniciado por Francisco
de Assis, no fausto da Idade Média, impossível não dizer hoje que foi uma
contracultura em seu tempo. A eclosão de tais movimentos se inscreve naquilo
que frequentemente se denominou “o mundo às avessas”, o que, noutra linha de
pensamento, se poderia expressar dizendo: o avesso do mundo.
Mas, contemporaneamente, como podemos ver a
contracultura? Como podemos melhor compreendê-la a partir dos princípios em que
se fundamenta? E não será a contracultura uma das facetas mais marcantes da
realidade contemporânea? A banalização, com que hoje se vive em tudo, não é o
próprio esvaziamento daquilo que constituía a essência da contracultura? A globalização de hoje não seria uma
contracultura às avessas? Na verdade, o que se denominou contracultura é o modo
como a cultura dominante ou pretensamente superior tentou desclassificar aquela
cultura que a pôs em questão. É necessário pensar a contracultura e não
simplesmente aceitar ou negar.
A grande dificuldade de entender a contracultura
está em algo muito simples: há uma tendência, preponderante nos sistemas
educacionais, de adjetivarem tudo, especialmente a cultura, sem pensarem a sua
essência e tudo o que ela implica em termos humanos. E então se discutem
somente atributos, portas de entrada para as máscaras, os estereótipos, os
simulacros, as aparências e sobretudo os preconceitos. Exemplificando: cultura
clássica, erudita, popular, moderna, antiga, medieval, primitiva, secular,
religiosa, superior, inferior etc., como se todas antes de tudo e
essencialmente não fossem culturas. Esses atributos pensam o aparecente sem o
essencial, aquilo que em toda cultura é decisivo e vigorante. E sobretudo para
pensar a contracultura houve uma separação dominante e hoje ultrapassada, fundamentada
num critério político-ideológico: engajada ou alienada. Numa outra linha, a da
formação esmerada, há a oposição de cultura erudita e cultura pop. Mas esta é a cultura dos meios de
comunicação e seus suportes econômicos, baseada no consumo, superficial e banal. Estes, como os atributos anteriores,
se mostraram parciais, passageiros, efêmeros, daí a necessidade de pensar a
contracultura sem preconceitos epocais e tendenciosos. Sem dúvida, pensar o que
é cultura sem pensar o que é o ser humano é perder tempo em superficialidades,
em desfilar atributos. Claro, os atributos já indicam posições de valor. Mas
estes variam tanto no tempo e no espaço e de cultura para cultura! E não
podemos confundir, de jeito nenhum, valor moral com o propriamente humano, o
ético. Muitas vezes os valores das classes dominantes e bem formadas são
máscaras para encobrirem o vazio de sentido em que vivem. Stanley Kubrick, no
filme De olhos bem fechados, mostra
bem isso, sem esquecer as contradições em que se debatem os seres humanos,
causadoras de sofrimento e solidão.
Todas as culturas, em qualquer tempo e lugar, são
ambíguas por natureza. Nascem para realizar e promover o ser humano. E depois
de afirmadas oprimem esse mesmo ser humano ao se tornarem valores absolutos,
opressores, esquecendo que são forças de libertação. Isso ocorreu também com a
contracultura. Nascida num momento específico, o do término da devastadora
Segunda Guerra mundial, foi um grito de liberdade e defesa do ser humano,
oprimido em muitas sociedades com seus valores morais. Basta citar a odienta
segregação racial na sociedade americana, dominante na década de sessenta. Entre
as bandeiras de tal movimento estava a luta pelos direitos das mulheres e das
minorias étnicas. Eram muitas as bandeiras de libertação da contracultura. E
necessárias.
Hoje quando se olha para trás podemos dizer
que a contracultura veio para mudar o mundo. Este, depois dela, em suas
diversas versões, não é mais o mesmo. Talvez a essência da contracultura num
mundo de guerras e divisões culturais, discriminatórias, de exclusões de muitos
seres humanos, tenha sido expressa numa canção simples, uma obra de arte
poética indiscutível: Imagine, de
John Lennon. Os jovens sabem-se sonhadores e assumem o sonho, base da
contracultura. Também não podemos deixar de fazer alusão a algo extremamente significativo
para a época: o domínio absoluto do cristianismo e seus valores no Ocidente se vê
questionado com a descoberta de outras formas religiosas igualmente importantes
e até mais antigas: o budismo, o hinduísmo e o taoísmo, orientais. E aí também
John Lennon teve um papel importantíssimo. Ainda dentro da mesma linha, mas sem
a profundidade desse poema-canção, temos, no Brasil, Sociedade alternativa e A
lei, de Raul Seixas. Dentro do mesmo ideal, mas num contexto diferente – a
contracultura não é algo monolítico, pois explodia em sociedades e culturas com
problemas específicos -, temos o hino do Tropicalismo É proibido proibir, de Caetano Veloso. Fazendo contraponto com este
vamos ter a juventude transviada em
torno da Jovem Guarda, na linha tanto
dos Beatles quanto de Elvis Presley. Temos Joan Baez etc. etc. (não pretendemos
fazer o levantamento de todos os movimentos contraculturais, embora não devamos
esquecer o famosíssimo festival de Woodstock).
Num desvio já evidente, os “ídolos” passaram a ser mais importantes do que o
próprio de cada um, aquele algo que cada um é e jamais pode ter modelos
externos. Criticavam os modelos e criavam novos. Tudo isso é contracultura. Os
ídolos banalizam atitudes e valores, e seus seguidores tornam-se presas fáceis
do consumo. Gera-se uma cultura de massa.
Numa outra vertente, vamos ter o
movimento Hippie e sua nova
mentalidade em choque com a cultura técnico-citadina e a opção pela vida no
campo, na natureza. Talvez pudéssemos sintetizá-la na canção de Elis Regina, Casa no campo. No fundo era também uma
contraposição ao progresso científico-tecnológico. E com este o domínio cada
vez maior do capitalismo. Porém, há uma contradição na contracultura e suas
facetas: ela mesma era possibilitada por esse mesmo progresso tecnológico. Sem
a expansão vertiginosa dos novos meios de comunicação e sua penetração, hoje
global com a internet, o Google, os celulares, não poderia ter tido a repercussão e adesões nos mais
diferentes cantos do mundo. Esses movimentos defendiam muitas vezes o livre uso
das drogas. Mas isso seria libertação quando elas destroem qualquer
possibilidade de ato livre? É aí que se coloca a gravíssima questão da essência
da liberdade, do falso poder da vontade, ou seja, do agir.
Como
todo movimento cultural inovador também gerou excessos, sem dúvida nenhuma. E
por um motivo muito simples: não pensar as questões em sua essência, não pensar
a essência do agir, seja na contracultura, seja na cultura. Em todo agir há
sempre um ethos, mas não em todo
fazer. É que agir é ser. E fazer pode
ficar no aparecer, próprio das atitudes. Aristóteles inicia o Primeiro Livro da
sua famosa obra Ética a Nicômaco com
uma afirmação radical, em que, podemos dizer hoje, se move a essência da
contracultura, da cultura e da própria arte. Diz: “Em toda ação vive o empenho
por algum bem”. Eis o horizonte da essência do agir. Mas basta pensar nas diversas dimensões de
todo e qualquer agir para constatar algo simples, mas inquestionável: não há
ação e “bem”, o benefício, sem um “custo”. Este pode ter um horizonte diferente
caso se trate de “bens” ou se trate do “Bem”. E ambos se inscrevem no que
normalmente chamamos de “ética”. É esta que os funda e realiza aquilo que
chamamos ser humano. O humano é o ético como medida do que cada um é, pois o
ético é a medida do ser em tudo que somos e não somos. Isso diz que, sem
exclusão, culturas, contraculturas e artes são essencialmente éticas quando em
sua pujança humano-criativa. Fica até difícil de mostrar em que se distinguem.
E é isso o que vamos tentar aqui, pois elas se implicam essencialmente. Para
não levar logo de início o leitor a confusões, temos de distinguir bem entre
ética e moral. Toda ética implica a moral, mas nenhuma moral é ética. Eis aqui
a grande questão da aparente oposição entre cultura e contracultura, entre
contracultura e arte, entre arte e cultura. Sobretudo porque muitas vezes na
cultura, na contracultura e nas artes destacam-se tanto a moral e seus valores
que perdem o horizonte que os justifica e são seu motivo: o humano, do qual
devem ser a manifestação.
Portanto, o que é o humano? O que é o ético? O
que é o poético? O grande equívoco de qualquer resposta a estas três perguntas
que perfazem, essencialmente, uma única, é querer justamente reduzi-las a um ou
vários conceitos. Nenhum conceito dará conta do que é o humano, o ético, o
poético. Simplesmente porque eles são questões. Não somos nós que temos as
questões, elas é que nos têm. E todas as nossas ações já dependem de como as
experienciamos. Como nenhuma experienciação dá conta do que somos, embora nos manifestemos
nelas, igualmente nenhuma ação como resposta as abarca e as define. E isso é
que as culturas bem como os movimentos da contracultura quiseram afirmar e
impor.
Como todo movimento que se quer revolucionário,
criam-se logo palavras de ordem, lemas, denominações, atendendo mais ao externo
do que ao longo e sofrido processo interno e silencioso de transformação, onde
podem eclodir as possibilidades de que todo ser humano se constitui: somos
possibilidades de e para possibilidades. E estas medram no sereno acolhimento da
linguagem, sua verdade e sentido. Sentido
é a luz do caminho. Só assim haverá mundo,
o único real em que se move todo ser humano. Há sempre o perigo de se jogar
tudo no poder do sujeito, como se este fosse a fonte do agir do pensar. Não é.
Todo pensar do agir se funda no agir verbal, no poder da palavra que liberta.
Não podemos trocar nunca a força aparente do sujeito pelo seu núcleo fundador,
a linguagem, diziam os gregos, o logos. Essa troca é a ilusão em que se
move toda a metafísica dicotômica e excludente. E o movimento desencadeador da
contracultura que se tornou predominante na década de sessenta foi, sem dúvida,
o existencialismo, iniciado na década de quarenta, propondo a sua famosa
inversão metafísica, com a qual pretendia superá-la. Acontece que uma inversão
não supera a metafísica, pelo contrário, a acirra. Só se supera radicalizando-a
e trazendo-a para o ético do pensamento e seu agir. Hannah Arendt se defrontou
com esse problema pensando a essência do mal, não caindo na dicotomia fácil que
o opõe ao bem (moralmente definido). Eticamente pode haver mal? Sabemos que
toda metafísica já pressupõe uma superação da metafísica. Dizia o
existencialismo, que é um humanismo metafísico, na formulação de Sartre: a
essência não precede a existência. É no existir livremente de qualquer essência
ou valor essencialista, moral, que o ser humano acontece, existe, e se dá
livremente uma essência. Se tal posição e atitude abrem as portas da vontade
para a liberdade, em verdade, não dimensiona os custos. E o sujeito e seu agir
sem custos não existem. Somente trazendo para o questionar o agir ético do
pensar é que podemos dimensionar a essência e a existência, em que se funda o
ser humano.
Acostumados às classificações das obras de
arte nem nos damos conta do horizonte de seu agir e de sua atuação na
realização do humano. A arte é radicalmente ética e por isso inseparável, seja
da cultura, seja da contracultura, desde que não lidas e classificadas segundo
o horizonte dos valores morais ou formais atributivos. Portanto, que lugar
ocupa a arte na cultura e/ou na contracultura? E a partir de que posição
definimos cultura, contracultura, arte? Há a tendência a tomar a cultura como
paradigma para falarmos bem ou mal da contracultura. Aliás o próprio nome já o
diz, há aí o “contra”. Mas será que em todas as épocas não se parte para uma
nova época porque se nega a cultura vigente e os seus valores, não se é
“contra” o que se faz e domina? O mesmo não acontece com a arte? Como surgem
novas obras de arte e movimentos epocais se não houver necessariamente uma
certa negação, um “contra”? E como se julga essa negação? É aí que entrar um
componente em nossos juízos de que nem sempre nos damos conta: julgamos tudo a
partir da lógica, que é excludente, sem atentarmos para um fato muito
simples: a realidade é lógica, sim, mas esta não abrange toda a realidade e seu acontecer histórico, pois nem se
pensa a essência do tempo e ser, ou seja, do próprio ser humano em sua
condição. E nem se leva em conta que em qualquer situação, o que sempre
predomina é a dialética, mas esta sem
exclusão nem ideia absoluta, porém numa permanente inclusão, porque aberta e
livre. Isso é totalmente comprovado com as obras de arte e de pensamento. As
tragédias de Shakespeare não são as tragédias de Sófocles. Há aí, sem dúvida,
uma diferença, um “contra”, mas sem umas excluírem as outras. No caso, a
diferença enunciada no “contra” já tem embutida uma negatividade, mas
justamente aquela da dialética. E o
admirável é que há dois movimentos sempre em toda época, em toda grande obra de
arte: de um lado, nega a anterior, de outro, afirma novas dimensões éticas do
humano. E estes tendem a se tornar fixos, certos, lógicos, verdadeiros, únicos,
morais, diz-se. Ou seja, toda negação tende a se tornar, no tempo, afirmação. E
esta, pelo próprio acontecer de ser e tempo, a gerar nova negação. E assim
dialeticamente. Portanto, temos de ver com cautela o “contra” da contracultura.
E é isso que a história da contracultura mostra sobejamente.
Para isso é essencial diferenciar as ações éticas
daquelas morais. Na moral o parecer é mais importante do que o ser. Claro, não
pode haver uma dicotomia, mas também não é a mesma coisa. O parecer consiste em
considerar o aparecer sem o ser. São os valores da aparência, das máscaras, dos
simulacros, dos estereótipos, dos hábitos, do já aceito e repetido como sabido.
E é “contra” essas valores morais, que se devem impor por si, que devem ser
seguidos sem questionamento, que já têm moldes e modelos prévios a todo agir,
que caem no domínio do público do impessoal, das normas absolutas, que, negando-os,
surgem as contraculturas. A moral tende ao estático e estabelecido, ao sistema
auto-referenciado. É bem o contrário da ética, onde o essencial é o poético.
Não há ético sem poético e não há poético sem ético. E é isso que desde sempre
se denominou obra de arte, se pusermos em primeiro lugar o que a palavra “obra”
diz, aliás, o mesmo que poético no grego: o que age, o que faz acontecer, o que
realiza. É necessário pensar a essência do agir, horizonte onde nos aparece a
condição humana.
O agir se coloca sempre no horizonte das questões. E é
nisso que, em geral, os movimentos contraculturais se debateram. Há sempre o
perigo de cair em falsas questões como a das formas, confundidas com a
linguagem, a da falsa criação como novidade, a da substituição do agir
ético-poético pelas atitudes ou pela estética do choque, do inusitado e
extravagante para aparecer e agredir, ou seja, o uso do poder da força como
argumento. Enfim, a violência da moral institucional é substituída pela
afirmação através da negatividade pela negatividade. Tira-se uma máscara para
colocar outra, que quer aparecer como legítima e mais verdadeira. Há uma
diferença radical entre atitude e ação poética. Na primeira se joga, se
representa para fora, para aparecer e parecer que é sujeito. Já na segunda não
há separação entre o exterior e o interior. No lugar do sujeito há o ser do
sujeito, o “sou” do “eu”, numa dialética de negação e afirmação, onde o ser,
vir-a-ser, no aparecer e parecer têm como fundamento o que se é e recebeu para
ser. Mas este acontece na auto-escuta, no deixar o silêncio falar, na espera do
inesperado, até porque ninguém faz a realidade acontecer. Independentemente de
nós ela acontece. Édipo que o diga. E não foi no seu ato poético de cegar-se, de
negar o conhecimento pela visão e pelo fazer de suas escolhas que chegou a se
conhecer e a saber que nada sabia, ou seja, que agir não é fazer, que agir é
deixar acontecer o que já nos foi dado para ser, aquilo que os gregos chamavam Moira, a doação de possibilidades de recepção
de si e dos outros, ou seja, destino?
Neste e por este tudo é e não é. É o nada e a nossa condição, na mutação
constante da realidade. E somos, como afirma Guimarães Rosa, seres muito
provisórios ou como há milênios Píndaro disse: seres efêmeros. Quando a
contracultura quer se afirmar e tornar norma, ser padrão de comportamento, já
entrou em contradição com ela mesma, pois estarão seus valores morais
igualmente condenados à efemeridade. Na
realidade o que há no embate de cultura e contracultura é o choque de dois
mundos de valores que se auto-destruirão, auto-ultrapassarão. Então é
necessário perguntar pelo sentido do que somos e do que fazemos, enfim, do
sentido dos valores que se combatem ou se querem impor gerando novos valores
morais.
Na moral o valor e a ação são determinados de fora
para dentro, embora pareçam ser subjetivos. Isto gera nas pessoas, ou revolta
ou somatização, de onde surgem as doenças sem causa e a sensação de impotência,
como é o caso da melancolia, da paralisia psíquica. Nisso, um dos grandes
sintomas de nossa contemporaneidade é domínio da futilidade e da banalização de tudo, até do que há de
mais essencial: o ser humano e a morte.
Na ética o valor não vem da relação nem de um sistema
prévio, seja ele subjetivo, seja ele institucional (máscara da moral). O valor
é o acolhimento do sentido do agir quando se realiza o que é próprio de cada um
– sua essência – suas possibilidades, e a fonte e vigência de tais
possibilidades que cada um recebeu do ser. A linguagem do sentido do ser se
torna a própria libertação e realização, e não do novo sistema que se quer
impor. Nesse pólemos (combate
dialético) passa a vigorar a verdade enquanto tensão dialética de desvelamento
e velamento, de sentido e forma, de solidão e sociabilidade, de interno e
externo, de limite e não-limite. O ético é um valor ontológico, não um valor
subjetivo-moral. O desajuste e embate sofredor do sujeito com a moral sua e do
sistema não é anulada na vida de cada um. Nenhuma contracultura pode fazer
isso. Pelo contrário sofremos o assédio dos hábitos e nossos gritos tendem a se
anular, nossa ansiedade por libertação e realização tendem a não encontrar
ressonância.
São as contradições tanto das culturas quanto das
contraculturas. E essas questões ressoam nas obras de arte, apelando para a
escuta do sentido ético-poético do ser humano.
*Manuel Antônio de Castro é Professor Emérito da UFRJ,
autor e co-autor de diversos livros. Tem o blog
www.travessiapoetica.blogspot.com, onde publicou mais
de cem ensaios. Entre suas obras
destaca-se o Dicionário Digital de
Poética e Pensamento: www.dicpoetica.letras.ufrj.br.
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