09 dezembro 2008

A Moira como destino


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Ao leitor: esta reflexão se move na liberdade de pensar. E é isso que o leitor deve também procurar fazer. Moira é o mistério maior em que o ser humano se move desde sempre. Ela é nossa medida, mas como tomar conhecimento dela senão a experienciando? E então se coloca a moira como a essência do agir, ou seja, como sua medida. Uma medida que nos mede, mas da qual não temos domínio, isto é, não a temos, somos possuídos por ela. E só nela e por ela podemos chegar a ser livres, uma liberdade conquistada a cada dia que a moira se torna nosso destino, livremente vivido e experienciado. Então ser possuído pela moira é ser possuído por eros. Eros é a plena liberdade.

Moira nunca é uma questão de escolha da vontade, mas uma questão de ser tomado pelo extraordinário e é neste ser possuído que se dá o acontecer poético. Não é o ser tomado pelo extraordinário uma questão de êxtase ou de êntase repentino, mas é o próprio acontecer poético longa e essencialmente amadurecendo e tomando corpo. É qual um aion desdobrado na tensão poética de cronós e kairós ao longo do suceder das estações e suas horas. Todo caminho é um percurso que excursiona pelo incurso do extraordinário enquanto acontecer poético. Quando nos sentimos enleados nas dobras do extraordinário em meio ao aparente infinito e imutabilidade do decorrer dos dias e horas, é então que tudo se torna claro e não podemos senão dizer: Apolo me feriu. Então a travessia tem uma outra ressonância, para além dos avios pessoais, porque inseridos nos envios do tempo das épocas. Ser não é mais uma opção, porém, um vigilante e pleno deixar acontecer. Ser é entre-acontecer poetica e eticamente. E tudo se move ao mesmo tempo que tudo se torna calmo e um repouso integrador e pleno se torna o real. E tudo é sem por quê, porque simplesmente é. Moira não é mais necessidade. É a leve e solta e completa liberdade. Eros. Amor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como que sendo escravo da moira, posso ser libertado por ela? Uma vez liberto, serei liberto para quê? Para seguir o caminho que ela me apontar ou liberto para eu criar meu próprio caminho? Porque se eu, depois de liberto tiver que ainda seguir um caminho dado pela moira, não sou liberto de nada.
Josimar - Porto Nacional-TO
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