www.dicpoetica.letras.ufrj.br
Há um traço fundamental que diferencia a Poética em relação aoa conhecimento crítico de todas as artes. É certo que para o ser humano é sempre necessário conhecer. Porém, para a Poética não basta conhecer. É necessário ser o que se conhece. Ser é conhecer conhecendo-se. Para a Poética não basta um aprendizado. Originariamente é necessária também uma aprendizagem. Mas esta – como o ser – não vem de fora nem de dentro. Aprendizado é aprender o que não se é, mas se pode conhecerr. Aprendizagem é tomar posse do que já se é. Nisto consiste conhecer o que se é e ser o que se conhece, isto é, ser poético. Isto é a Poética.
Em meio à trajetória da travessia, essencial para cada um, toda aprendizagem vive de um paradoxo: aprender a desaprender o que já se sabe para no que já se sabe chegar a compreender e a aprender o não-saber de todo conhecer. Toda aprendizagem vive da vigência de uma renúncia, em que esta não tira, dá, presenteia. Na travessia de conhecer o que não se sabe e não-saber o que se conhece, dá-se o acontecer poético da Poética: o humano do ser humano. Pode haver presente maior?
Em sua essência originária, Poética é a aprendizagem do desaprender.
A acumulação de muitos conhecimentos não dá nem traz necessariamente o que em todo saber se deve conhecer: o ético de todo conhecer. Quando o ético é o valor de todo conhecer, o muito dá lugar ao simples: a simplicidade do que se é em tudo o que se conhece e não conhece. O simples é o sem dobra: a unidade, o originário em plenitude, repouso da fala plena do silêncio, ser o não-ser. Quando se dá e acontece a aprendizagem da simplicidade do que se é, então o muito saber da erudição se reduz à simplicidade do não-saber do muito conhecer. Na simplicidade do não-saber vigora o poético, o não-saber do muito e de todo conhecer. Este é o difícil mas não impossível percurso como travessia poética: apropriar-se do que é próprio, ser, para que sendo, chegue a ser o não-ser. São os oblíquos caminhos da Poética. É o seu por quê.
Um comentário:
Saudações Prof. Manuel
"O Caminho... é o caminho que se faz"
Desenvolvo uma pesquisa que de alguma forma possui muito do que o senhor fala. Estou pensando o fenômeno musical em uma perspectiva Ontológica. Aquilo que não vemos( o que brota da performance), toma conta do palco e o lugar se transforma...
Cheguei até aqui por intermédio do professor Antônio jardim...Fiquei muito interessado em aassistir suas aulas no fundão, mas o horário me é ingrato!!!
Abraços,
FILONTROPIFADOS.
Postar um comentário