18 agosto 2008

Pensamento

Pensamento

Manuel Antônio de Castro

O pensamento é sem porquê. É sem arrogância e sem finalidade.
Como se dá a distorção malévola do pensamento senão pela pequenez, mesquinharia e arrogância do não-pensador, que quer se afirmar e se projetar pela incapacidade e ausência de pensamento?
O pensamento que é pensamento não precisa de defensores nem de denegridores. Solicita apenas nossa escuta e abertura para o poder do seu vigorar.
O pensamento não tem nem precisa de nomes. Leva à ação e ao consumar os que a ele se abrem e o acolhem.
É o pensamento que faz a obra e o pensador. Denegrir a obra e o pensador é tentar inutilmente extinguir o pensamento vigorante pela ausência de pensamento.
Uma obra de pensamento não se anula nem se supera. Pelo contrário, como pensado, nos atrai e desafia para os caminhos do não-pensado.
O não-pensado, como o silêncio, não permite distorções ou ataques malévolos e deixa a ausência de pensamento sem ação e sem finalidade.
O vigor do pensamento é a não-ação, não como inação, no dizer do pensador Chuang Tzu, mas como o vigorar do silêncio, fonte de todas as falas e ações.
Por isso, em relação a ele não há causalidade nem finalidade. Se um dia o malévolo, mesquinho e incapaz de pensamento pudesse compreender isso, veria a inutilidade de sua arrogância e pseudo-erudição.
A arrogância malévola nada produz, porque nada tem a oferecer. E o mal, se o causa, só o causa a si e a quem já não pensa nem deixa vigorar o poder do pensamento.

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